domingo, 21 de dezembro de 2008

Esmola Pra São José

Tem certas coisas seu moço
que eu não gosto muito não
por exemplo
ouvir contar história de operação
de arracamento de dente
ouvir história de briga
eu posso inté escuitá
mas me dá uma fadiga
e outra coisa seu moço
que de bom gosto eu não faço
é dá esmola a quem pede
com um santo debaixo do braço
porque eu acho que o santo
não tem muita precisão
afinal eu nunca vi
santo comer feijão
Mas pro mal dos meus pecado
ou pro minha pouca fé
todo dia lá em casa
passa um veinho andano a pé
pro sinal muito feliz
cantarolando e tal
chega na minha porta
bate palma e diz:
"esmola pra São José"
O diabo da muié
que é muito curvitera
eu nunca vi uma muié
que não fosse rezadêra
adquere um tanto quanto
corre e vai dá lá pro Santo
que dizê, pro santo
pro veio fazê a fera
De manhã logo cedinho
eu vou tomá meu café
quando dô fé ó o grito:
"esmola pra São José"
ôooo mais isso foi me enchendo
o saco
mas me enchendo por demais
Um dia cheguei em casa
com a braguia da carça virada
pa trás
sentei num toco de pau
tumei uma de rapé
quando de repente ouvi o grito:
"esmola pra São José"
pra mode de dá a esmola
a muié se arremecheu
eu fui e gritei: num vai não
dêxa
hoje quem vai dá esmola sou eu
Quando eu cheguei na porta
o velho teve um espanto
eu fui e disse:
vai trabaiá ...
vagabundo ...
que eu num dô esmola pra santo
troque o santo por uma enxada
deixa de ser preguiçoso
santo num carece de esmola, rapaz
deixa de ser mentiroso ..
o veio me olhô ...
e me disse:
que São José te perdoe
e se Deus tive te ouvino
que ele te abençoe
e que cubra tua casa de Paz, Amor,
União, Sossego, Proesperidade,
Conforto e Compreensão
e se um dia o sinhô pricisá
desse veinho
ele não mora tão perto não
mora no sítio Cauã
onde já viveu meu pai
à direita de quem vem
à esquerda de quem vai
e se um dia o sinhô passá
por ali com pricisão
de fome o sinhô num morre
tombem num drome no chão
Quando o veio disse aquilo
eu senti naquele instante
como seu eu fosse uma ...
uma frumiga
sob os pé de dum elefante
fiquei com as perna tudo tremeno
digo e num peço segredo
óia, aquele veio me deu ma surra
sem me tocá com um dedo
Eu com tanta ignorança
ele tanta mansidão
fez eu pagá muito caro
minha farta de compreensão
Então naquele momento
eu gritei pra Salomé
mandei trazê pro veinho
um boa xícara de café
e fui correndo contá meu dinheiro
tinha somento um cruzêro ..
dei tudinho a São José

domingo, 14 de dezembro de 2008

Quem morre ?

QUEM MORRE?

Morre lentamente
Quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo

Morre lentamente
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente
Quem se transforma em escravo do hábito
Repetindo todos os dias os mesmos trajeto,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções, Justamente as que resgatam o brilho dos
Olhos e os corações aos tropeços.

Morre lentamente
Quem não vira a mesa quando está infeliz
Com o seu trabalho, ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto
Para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, Fugir dos conselhos sensatos...

Viva hoje !
Arrisque hoje !
Faça hoje !
Não se deixe morrer lentamente !

NÃO SE ESQUEÇA DE SER FELIZ
Martha Medeiros

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

É que eu preciso dizer que eu te amo...



Para a aquela que me inspira e que me proporciona as melhores sensações
Aquela que não sai da minha cabeça, e que está me permitindo viver os melhores momentos da minha vida!




Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer
Me dá um medo, que medo

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo
Tanto

E até o tempo passa arrastado
Só pra eu ficar do teu lado
Você me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo
E nessa novela eu não quero
Ser teu amigo

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo, tanto

Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando em cada riso teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira

Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo, tanto

Composição: Dé/Bebel Gilberto/Cazuza

domingo, 26 de outubro de 2008

Visões de Babilônia

E partiu, caiu, ruiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios e covil de toda espécie de espírito mau e destino de toda a corja de vampiros e esconderijo de toda ave imunda e detestável.

E os seus pecados se acumularam até o céu. Recebei agora, segundo as suas obras: o quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, colhei igual medida de tormento e dor e pânico e terror.

Choram os reis da terra, mas não a socorrem, de longe, covardes, sussurrando: “ai de ti, poderosa cidade, que chegou sua hora”.

E sobre ela lamentam os mercadores da terra, que por meio da sua prostituição enriqueceram, tremendo, fugindo, blasfemando: “ ai, grande Babilônia, compradora e vendedora de almas, vestida de linho finíssimo, de púrpura e escarlata, adornada de gemas delicadas e pérolas raras, num só golpe foi devastada.”

E todos que se venderam e que dela sugaram e nela viveram e que com ela lucraram na opulência, se afastarão, diante da queda colossal.

E a grande Babilônia do bom e do melhor nunca mais será achada. Nem ruína de espetáculo, nem memória de ciência, nem caco de indústria, nem algazarra de casais e filhos, nem nenhum pio de passarinho se ouvirá na Babilônia caída.

Porque os seus reis foram algozes e seus vendilhões dominaram a terra e todas as nações foram profanadas pelas suas armas e seduzidas pelo seu ouro e desencaminhadas pela sua boca e pervertidas pela sua feitiçaria.

Porque o chão de Babilônia bebeu o sangue dos santos, dos profetas, dos justos, dos simples e dos puros e seu poder embriagado é cúmplice de todos os assassinatos da Terra.

Adeus, Babilônia, adeus. Aleluia, Babilônia, aleluia. Só a fumaça diz o que você foi. E só ela te chora e só ela te eleva, Babilônia, pelos séculos dos séculos, agora.

(Texto de João Evangelista, do livro Apocalipse. Tradução de Roberto Prado e Antonio Thadeu Wojciechowski)